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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A morte de Mandela


Provavelmente Nelson Mandela é uma das maiores figuras do século passado, tornou-se famoso pela sua luta contra a opressão branca na África. Temos visto que a mídia tem lamentado a morte de Mandela, que sempre foi mostrado como um “grande líder”, e exaltado pela sua luta pacífica em resistência ao regime de segregação racial que por quase 80 anos vigorou oficialmente na África do Sul.

Mandela foi uma das pessoas que mais tempo ficou presa por motivos políticos, quase trinta anos preso por lutar contra um regime opressor e fantoche dos interesses coloniais da Inglaterra.


Muita gente se ilude com a propaganda do Mandela “bonzinho” e “progressista”, porém deve-se considerar que em sua vida política ele atuou de forma contraditória, outrora guerrilheiro e defensor de Stalin, depois se tornou pacifista, pedindo para que o povo de desarmasse e assim pudesse concorrer às eleições de um estado ainda racista, ainda lacaio do imperialismo norte-americano e britânico. Desse jeito surgiu o Mandela tão exaltado pela mídia imperialista, o pacifista e “conciliador” (segundo o ex-presidente sul-africano Frederick de Klerk).

Fascistas destroem monumento proletário na Ucrânia, e agora?


Anteontem dia 8 de dezembro, uma turba de nacionalistas ucranianos derrubou a estátua de Lênin em Kiev. O monumento do grande líder proletário estava lá desde 1946, e já tinha sido alvo de outras tentativas de depredação organizadas pela corja fascista ucraniana. É uma infelicidade saber que a Ucrânia assim como boa parte dos países que estiveram sob a luz do socialismo tornaram-se reduto de seguidores de ideologias fracassadas.

Porém, não podemos esperar nada de progressista vindo de países que há mais de 50 anos abandonaram o socialismo e passaram a abrir as portas para a reação. Também nada podemos esperar de partidos ditos comunistas que adotam as teses do XX Congresso em diante. Qualquer tentativa de alimentar esperanças resulta em decepção.

Foi um fato infeliz, mas há um ditado popular que diz “não se deve chorar o leite derramado”. Camaradas, de nada adianta preservar antigos monumentos soviéticos se não lutamos pela vitória da revolução proletária em escada mundial. O comunismo é o futuro da humanidade.

Che Guevara dizia que podem destruir todas as flores mas não podem deter a chegada da primavera. Após o XX Congresso do PCUS, a maior parte dos países que antes apoiavam a revolução proletária e as contribuições importantíssimas de Stalin, seus governos antes proletários e combativos se tornaram em aglomerados pequeno-burgueses, influenciando também partidos comunistas em todo o mundo, convertendo-os em meros núcleos pacifistas e conciliadores. Porém, isso não deteve a luta que se estende até hoje, pois a China da época de Mao assumiu o papel de baluarte da revolução proletária mundial, assumiu o poderoso legado de Stalin e deu continuidade, elevando o marxismo-leninismo à um terceiro estágio: o MAOÍSMO.

É muito fácil para fascistas, liberais, trotskistas e outras vertentes políticas fracassadas lutarem pela destruição de monumentos da antiga ditadura do proletariado, porém, nunca puderam conter a fúria das massas sob a luz daqueles que tanto odeiam: Marx, Lenin, Stalin e Mao.

Com todo o aparato que possuem, podem sabotar governos populares como fizeram com a Kampuchea, Moçambique, podem destruir o Lênin físico, porém, jamais poderão destruir as idéias de Lenin, jamais poderão derrubar o marxismo-leninismo e nem o maoísmo. As pessoas são passageiras e podem ficar presas, idéias se tornam imortais e não podem ser aprisionadas.

Camaradas, o velho ditado diz que “não se deve chorar o leite derramado”, pois bem camarada, não lamentem pelas estátuas de Lenin, Stalin e Mao que estão sendo removidas em países fantoches do imperialismo ou países imperialistas, porém, olhem para a frente, lutem para que outros monumentos maiores sejam construídos sobre as ruínas dos imperialistas e seus lacaios. Lutem para a construção de um novo mundo, um mundo vermelho, justo e pacífico (pacífico depois da queda do imperialismo e seus lacaios), um mundo comunista.

ABAIXO AO FASCISMO, VIVA O COMUNISMO!

ABAIXO A ELEIÇÃO, VIVA A REVOLUÇÃO!

ABAIXO AO OPORTUNISMO! VIVA O MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO!


VIVA MARX, ENGELS, LENIN, STALIN, MAO E GONZALO!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Nossa posição sobre os “presos políticos”




“ manifestar solidariedade às vítimas de perseguições políticas.”
(Estatuto aprovado na VI Conferência do PCdoB, 1966)


Prisão política parece algo tão distante no Brasil... Mas não é. Assim como permanece a tortura, prisões arbitrárias, a truculência policial e o estado burocrático-burguês, a prisão política existe sim no Brasil é não é de hoje. Sim, tudo isso parece coisa dos anos 70, mas permanece, porém, a mídia está mais preocupada em mascarar a falência política e moral do país, publicando apenas matérias de tragédias pessoais, classe média assaltada pelos marginais que o próprio Estado faz questão de criar.

As grandes jornadas de lutas, assim como as prisões políticas e prisões arbitrárias já vinham sendo desmascaradas há anos pela mídia popular, porém, não tinham cobertura da mídia burguesa, que estava mais preocupada em tentar descobrir o “por que” de tanta violência no Brasil.

Nestes últimos dias temos acompanhado casos de vários presos políticos e prisões arbitrárias, seja nas jornadas de luta dos professores no Rio de Janeiro e São Paulo, e por último na luta de resistência camponesa em Rio Pardo, no estado de Rondônia, onde a polícia e a Força Nacional de Segurança (a SS brasileira), a serviço do governo federal e do governo local aliado ao PT querem desalojar centenas de famílias de camponeses da região. Esta é a truculência policial a serviço do governo “progressista” do PT-PMDB.

Os presos políticos são aqueles que lutam pela soberania do país, que não sem rendem na luta, que estão prontos para derramar a última gota de sangue pelo povo sofrido, são os justiceiros, os que fazem jus à cor vermelha da bandeira revolucionária. Não são trapaceiros que abandonaram a luta popular pela vida de conforto em um governo semi-feudal.

Que grande barulho a mídia fez em torno do caso do mensalão! Como se este fosse o único e maior esquema corrupto da história do nosso país... Ainda que o “mensalão” seja um esquema milionário de saque aos cofres públicos, é só uma parte do enorme monte de dinheiro já roubado no país pelos políticos corruptos, de várias épocas e partidos. Ainda que a condenação destes sujeitos tenha levado uns 10 anos para ocorrer, ainda que os mais de 50 milhões do esquema “mensalão” sejam apenas uma fração dos bilhões já roubados por outros partidos, a mídia trata de dizer que “finalmente está havendo punição exemplar para políticos corruptos”, os condenados já estão tendo suas penas aliviadas, do regime de reclusão já passaram para o semi-aberto, e tal... Quer dizer, não há pena exemplar para quem rouba o dinheiro suado dos “filhos desta pátria-mãe gentil”.

A militância ou melhor, a turba de trotskistas e social-democratas do PT trata de dizer que José Dirceu e José Genoíno são “injustiçados”, e tentam pescar “lá no fundo do baú”, a história deles, a de que José Genoíno fez parte das Forças Guerrilheiras do Araguaia, e que Dirceu fez parte do MR-8, dizem que eram “lutadores da liberdade no Brasil”. O que não mostram é que ambos são revolucionários arrependidos, além da suspeita de ter revelado informações aos militares fascistas em 1972, Genoíno desligou-se do PCdoB em 1979 ao aderir à uma facção revisionista que logo em seguida se converteu em ala trotskista do PT, a mesma coisa com José Dirceu, que exilou-se em Cuba.

Muita gente diz que o PT mudou de lado ao longo dos anos 90. Na verdade este partido nunca mudou de lado. Apesar de ter reunido grandes massas de trabalhadores no final dos anos 70 e começo dos anos 80, já que havia um momento propício para a rebelião popular, não havia nenhuma organização capaz de mobilizar as massas para uma luta avançada, pois o PCR havia sido integrado ao MR-8, o PCdoB em 1977 abandonou o maoísmo e passou a trilhar o caminho revisionista, desistindo e manifestava ilusões eleitoreiras desde 1974-75, aderiu ao hoxhaísmo e tratou de amigar-se com o PT, de modo que o PCdoB sob a batuta de João Amazonas, e os irmãos Rebelo tornou-se nesta abominação que se encontra atualmente no circo eleitoreiro.

A Ala Vermelha enfraquecida também aderiu ao PT e desapareceu na metade dos anos 80, assim, a influência dos trotskistas, social-democratas e foquistas arrependidos. Muito mais do que ganhar a bênção do governo militar decadente da época, também tiveram a bendição do líder sindical polonês Lech Walesa.

O plano do PT, desde que surgiu nos anos 70, nunca foi de transformar o Brasil de forma radical, sua vontade nunca foi a de colocar seus líderes para servir ao povo, mas desde sempre, sua vontade foi a de barganhar cargos dentro do governo, sua vontade sempre foi a de “lutar de forma confortável”, dentro de gabinetes com poltronas confortáveis e ar-condicionado, assim, seu uniforme deveria ser a gandola de brim, e não o paletó modelo Oxford.

Com o passar do tempo a linha oportunista e eleitoreira do PT foi ganhando força, iludindo um e outro ali, aliando-se com partidos da direita aqui, e pronto, temos um governo federal tão corrupto, truculento, idiota e vende-pátria quanto o governo de Fernando Henrique Cardoso.

A turba do PT tenta divulgar na internet e na mídia os “avanços dos 10 anos do bolsa família”, os “avanços do pré-sal”, e tudo mais, tentando santificar a imagem de um partido tão degenerado quanto qualquer outro do círculo eleitoral do Brasil. Também tentam nas redes sociais divulgar imagens dizendo “se o PT rouba X, o PSDB rouba XXX”, sim, roubam tanto quanto o PT. Dizem que a extinção do PSDB seria o fim de todas as mazelas do Brasil... Coitado de quem acredita nas manobras políticas do PT vs PSDB.

Mantemos firme a forte a linha desenvolvida por Stalin, de que a social-democracia não é um instrumento de utilidade às massas, senão, instrumento do capital, utilizado para amenizar e frear as lutas de classe, visando conciliar patrão e empregado (mesmo que o empregado seja prejudicado nesta “conciliação”), apelando para um nacionalismo burguês, e o uso da truculência contra as manifestações populares.

Estes não são presos políticos

Estes sim SÃO verdadeiros presos políticos
Portanto, não nos comove em nada a pose de duas autoridades da política burguesa do Brasil fazendo a saudação com o punho fechado. A saudação com o punho fechado é válida aos lutadores autênticos, aos revolucionários autênticos, e não por senhores de gabinetes que passaram mais de 30 anos servindo ao revisionismo e a destruição da luta de classes no Brasil.

VIVA A AUTÊNTICA LUTA POPULAR!

ABAIXO AO TROTSKISMO E A SOCIAL-DEMOCRACIA!

VIVA AO MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO!

LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS!  



Sobre a execução de jovens curdos e balúchis no Irã


18 de Novembro de 2013. Documento publicado no site do Partido Comunista do Irã (Marxista-Leninista-Maoísta), fala sobre a execução de jovens militantes curdos e balúchis por parte do governo fascista e teocrático do Irã.

Habibullah Golparipour, um jovem ativista curdo que estava na prisão de uma república islâmica por três anos, foi executado em 23 de outubro de 2013 em 2013 in Orumieh, nordeste do Irã, ele perdeu sua vida preciosa. Acusado de atividades anti-regime e conexões com grupos anti-regime, ele estava na prisão desde outubro de 2009, durante o levante que irrompeu depois da eleição presidencial. Ele resistiu às difíceis condições que os mercenários do regime criaram aos prisioneiros, incluindo intensas torturas e os longos períodos em isolamento. Mas ele não se deu às brutalidades do regime.

Ao mesmo tempo, foi noticiado que 16 prisioneiros políticos balúchis foram executados em 26 de outubro em represália a morte de 18 mercenários do regime em Saravan (uma cidade da província de Sistão-Baluchistão, no Irã, próxima da fronteira entre Paquistão e Afeganistão). Assim, este não é o primeiro crime do regime e nem será o último. O Irã é uma prisão de nações. A opressão nacional é o maior pilar deste regime e testemunharemos tal crime ao vermos as classes exploradoras que estão no poder. Há uma longa lista de jovens nas províncias do Curdistão, Baluchistão e Cuzestão esperando para serem executados, e o menor sinal de rebelião nestas regiões serão encobertos.

Seguido do incidente de Saravan, Hassan Rouhani, novo presidente do Irã, também chamado de campeão da “heróica flexibilidade”, nomeou o ministro do interior para formar uma comissão especial em cooperação com as forças de segurança para confrontar “rebeldes”. Além do mais, o fiscal-geral de Zahedan (a capital da província do Sistão-Baluchistão) justificou as execuções dizendo “Nós advertimos poderíamos retaliar!” [Repórteres da BBC não evidenciaram que algum dos executados tivesse alguma conexão com a morte dos guardas da fronteira.]

Enquanto o regime islâmico continua a mostrar a “heróica flexibilidade” com o Oeste, também está aumentando o passo em seus crimes de opressão, incluindo execuções de jovens, e a pobreza do povo que está se tornando intensa. Esta é a reação interna do regime perante a crise do meio-oeste. Não há dúvidas que estes atos criminosos são indicações da ruptura bancária, falência de um regime totalmente apodrecido que espera estender sua vida desgostosa um pouco mais.

A luta das nações oprimidas contra a opressão nacional mais uma vez vai demonstrar que o regime islâmico vai colher aquilo que semeou.

Os agressivos e brutais planos do regime não poderão e nem serão admitidos. Convocamos todos os trabalhadores, estudantes, mulheres, e jovens para converterem as cerimônias memoriais para Habibullah Golparipour e outros mártires para expor os crimes do regime. Esta luta será voltada para uma efervescente cena política. É com uma verdadeira revolução independente dos imperialistas e reacionários que poderemos dar a resposta que estes crimes merecem. Os planos agressivos do regime islâmico mais do que nunca podem apresentar os sinais de sua fragilidade. Eles carregam os sinais dos eventos do terremoto e as batalhas sangrentas que estão no caminho, batalhas que serão colocadas na agenda da violência revolucionária para acertar as contas com os reacionários islâmicos e derrubar seu sistema de estado, com o objetivo para uma sociedade sem opressão e exploração.

Abaixo à República Islâmica do Irã!
Viva aos direitos de autodeterminação para as nações oprimidas!
Viva a revolução! Viva o comunismo!




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

VIVA MARIGHELLA!


Grafite em SP homenageando Marighella

Há exatos quarenta e quatro anos morria um dos maiores revolucionários deste país: Carlos Marighella.

Desde jovem Marighella era um comunista combatente. Aderiu ao Partido Comunista do Brasil nos anos 30. Preso em 1936, pouco tempo depois do levante popular de 1935, Marighella foi duramente torturado nos cárceres do governo nazi-fascista de Getúlio Vargas, resistindo bravamente, sendo solto em 1937, e tornando a ser preso em 1939, sendo solto em 1945. Depois disso tornou-se membro do Comitê Central do PCB.

Entre outros trabalhos dentro do PCB, também se destaca o fato de ter dirigido a Revista Problemas de 1947 a 1948. 
Em meados da década de 50 esteve na China onde conheceu a Nova Democracia em aplicação na recém-estabelecida Republica Popular.

Também representou o PCB durante o XX Congresso do PCUS em 1956, e retornou chorando ao Brasil depois de ter ouvido as acusações contra Stalin, feitas por Kruschov e seus seguidores.

Apesar de Marighella não ter aderido na reconstrução do PC no Brasil em 1962, aderiu à linha cubana, na época uma linha centrista, que visava conciliar a luta armada foquista com o pacifismo soviético. Porém, foi nos anos 60 que a linha de Marighella começou a tornar-se mais clara, e finalmente em 1966, rompeu com o PCB de Prestes e formou a ALN (Aliança Libertadora Nacional), uma guerrilha urbana, que ficou famosa pela atuação em conjunto com o MR-8 no seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick em 1969.

Xerox da capa da revista Veja de 1969
Assim, Marighella tornou-se o “terrorista” mais procurado de todo o país.

Além da atuação maravilhosa na guerrilha urbana, Marighella também traduziu obras de Che Guevara como “A guerra de guerrilhas”, e foi o autor do célebre livro: Manual do Guerrilheiro Urbano. Uma boa obra para quem quer se aprofundar no modo de operar uma guerrilha urbana.

Mesmo Carlos Marighella tendo uma visão foquista, ele reconheceu a necessidade da luta armada como meio de libertação dos povos oprimidos. O que muita gente distorce, é que a ação guerrilheira atualmente deve-se limitar somente às zonas urbanas. Marighella, que viveu numa época onde a população urbana superou a população rural, deixou claro em seu manual que a revolução deve começar no campo, sendo a guerrilha urbana um complemento da guerrilha rural.

Infelizmente em 4 de Novembro de 1969, Marighella morreu em uma emboscada armada pela polícia fascista em São Paulo. Marighella deixou de viver no mundo e eternizou-se na história de lutas deste país.

Por isso, dizemos em alto e bom tom:

HONRA E GLÓRIA A CARLOS MARIGHELLA!


VIVA A LUTA ARMADA! VIVA A REVOLUÇÃO!

domingo, 20 de outubro de 2013

O PRÉ-SAL É NOSSO!



Povo brasileiro cidadãos irmãos do Oiapoque ao Chuí, colegas de feijão e de cuzcuz, é com grande tristeza que ficamos sabendo que uma das maiores, se não a maior reserva de petróleo do mundo, que pertence ao nosso país, está sendo entregue de bandeija aos estrangeiros. Não bastando essa alta traição, o governo federal usará ainda de todas as suas forças armadas, treinadas para matar com armas de guerra inclusive, para garantir que esse roubo flua tranquilamente com o silêncio das massas, imitando uma gangue de assaltantes que espanca e aponta armas para calar suas vítimas.

Cabral e sua gangue sempre unidos pela Tradição Colonial
Isso deixa bem claro para quem brilha a estrela do partido da nossa presidente, partido esse que é só uma parte do aglomerado de bandidos dispostos a prender, violentar e matar quantos de nós forem necessários para atingir seus fins mesquinhos. O espírito da ditadura de 513 anos se anima mais uma vez para assegurar que poucos vivam no mais exagerado luxo e desperdício às custas de centenas de milhões.

Não é exagero fazer esse flerte com a História do Brasil. Em 1500, Cabral desembarcava com suas espadas, espelhinhos e vírus da gripe, dentre outras armas e quinquilharias, para trocar tudo isso por grandes quantidades de ouro e pedras preciosas, além de troncos e mais troncos da árvores que dá nome ao nosso país, deixando um rastro de sangue indígena onde passou em combate direto às tribos que repudiaram sua presença ou indiretamente, ajudando os nativos com quem se amigavam a dominar tribos inimigas com espingardas, canhões e pequenos barcos que navegavam pelos nossos rios abarrotados de lusitanos e silvícolas a saquear o que encontravam.
Nem na Colônia, nem no Império e muito menos na
República nossos índios tiveram paz.
Cabral foi embora, mas sua esquadra deixou nestas grandes terras um vergonhoso legado de submissão internacional que ainda se esforça para se perpetuar. Não demorou muito para que depois daquelas caravelas mais e mais barcos aportassem aqui para que Portugal deixasse nosso país com sua cara: Semi-feudal, agraríssimo e escravizado. Séculos e séculos de latifúndio, devastação ambiental, chicotadas e navios carregando nosso ouro e pedras preciosas para muito longe de nossas fronteiras se passaram às custas do suor e do sangue de inúmeras gerações de negros e indígenas, enquanto as assembléias coloniais discutiam a velocidade com que Lisboa nos sugava até que todos fizessem um grande acordo pela manutenção dos interesses da Coroa.

Nem mesmo quando ficamos formalmente independentes dos desmandos portugueses pudemos nos libertar desse legado. Em pleno Império Brasileiro, com todo seu orgulho de ter gritado "o brado retumbante às margens do Ipiranga", destruído o Paraguai e criado belos castelos para a família real se hospedar enquanto a seca vitimava o povo no Nordeste, continuavam em pleno vigor as plantações de açúcar e café, as fazendas de leite e charque e as minas de ouro, diamantes e esmeraldas a servir banquetes luxuosos para os nossos poderosos sendo que nesses banquetes comiam primeiro os nobres de sangue azul de Portugal, da Inglaterra e da Hollanda, pegando assim as melhores partes dos pratos, os nossos latifundiários e 'coróneis' comiam o que sobravam e para o resto do povo sobravam migalhas, muita louça pra lavar e gritos de magnatas exigindo mais comida enquanto o baile rola ao som do negro que grita no tronco.


Um autoritarismo lindo por uma submissão fofa e um Brasil
carinhoso. Ouunnn...   ¬¬' Vá enganar o jegue, Dilma!
Eis que surge então a República, num golpe militar que nem o primeiro presidente esperava, muito menos o povo, que pensou serem aquelas colunas marchando fora do feriado uma parada militar qualquer. Na nova forma de organização política que se construía fundamentada no que pensavam ser ciência, mas tinham certeza que não era o misticismo religioso da monarquia, um emaranhado de ideias autoritárias importadas da Europa orientou nossos 'amados' líderes acostumados à vida no quartel a disciplinarem e dividirem as pessoas como pracinhas. Dezenas de revoltas foram reprimidas a ferro e fogo em defesa da Ordem cuspida pelos generais e do Progresso dos empreendores que, depois de pacificado, receberam dos militares um país pobre, agrário e endividado, quase como era a séculos atrás, mas agora sem reis interferindo nos negócios. Um hora, senhores do café, outra hora senhores do leite, assistidos pelos senhores do algodão, do fumo e das muito pequenas indústrias que surgiam e cresciam. Apesar das mudanças, continuavam as semelhanças com o passado: Os mesmos ingleses que controlavam o comércio mundial com pirataria e preços baixos, chegando até a forçar a abolição da escratura com suas leis internacionais aprovadas por eles mesmos (como o Bill Alberdeen) no tempo da monarquia agora recebiam de bandeija o sistema abastecimento de água da cidade do Rio como garantia de pagamento das dívidas do nosso governo mantidas a altos juros. Quem tinha essas maravilhosas ideias e aplicavam elas, na forma da lei? Latifundiários intimamente ligados ao comércio Europeu, agora eleitos num grande esquema de compra de votos e troca de favores chamado 'Política dos Governadores', que claramente remonta ao feudalismo.

ENGANA OUTRO, CHEIRA-PÓ!
Nisso chega Vargas através de um golpe, leva todos nós à beira do fascismo (chegando a receber a filha de Mussolini numa visita oficial) com seu conceito de naciolismo que favoreceu nossa indústria e deixou nossas leis com a cara do que Hitler chamava "Nova Europa" (talvez por isso o 'Estado Novo' de Vargas) e só não entrou na guerra em parceiria com a nazaiada porque recebeu forte$$ in$entivo$$ da América na construção da Siderúrgica Nacional. Daí em diante, tudo se resume a um eterno conflito entre 3 categorias de atores políticos:
1) Aqueles que defendem até a morte (de preferência, a morte dos outros) o direito das multinacionais de se instalarem aqui "gerando emprego e renda", além da não interferência do Estado, com suas leis em impostos, em nada que toque seus negócios e seus artigos de imeeensa importância para o Brasil (esquis, carros conversíveis beberrões, lanchas, videogames...);

Nesse tempo, o petróleo ainda era nosso graças a Vargas,
mas a presença da Chevrolet, da Unilever e da Philips,
dentre tantas outras com custo de produção menor que os
nossos,  já dificultava a indústria nacional.
2) Aqueles que estão sempre em cima do muro, mas uma hora ou outra mostram como não se imaginam vivendo de outra forma que não seja a pensada pelos primeiros;

3) E aqueles que se opõem a tudo o que os primeiros querem e conseguem.

Nisso, G-Tulho cai também por golpe e é eleito outro general, aquele Gaspar Dutra que quase quebrou o país importando artigos de luxo para as classes altas comprarem, como o nada econômico carro Plymouth, além ter ter fechado o Partido Comunista do Brasil e perseguido vários ativistas políticos, JK faz promessas e obras tão faraônicas quanto a inflação da moeda, Jango e Janio se rebatem tentando se aproximar da União Soviética, procurando novos mercados, além de promover uma tímida reforma agráia, o que irritou a extrema direita e provocou mais um golpe.

É triste admitir isso, mas as heranças que carregamos da
ditadura vão além da economia e das obras faraônicas
projetadas para desvio de verba, superfaturamento etc.
Herdamos dela também defensores confessos, como o
Deputado Federal Jair Bolso, sem falar de governadores,
prefeitos e deputados estaduais que continuam impunes
pela mesma ditadura neoliberal que os absolveu no STF.
Mas o mais importante, além dos que fizeram as leis e
muitas vezes fora da lei, é a impressaa da ditadura, sempre
dedicada a "apoiar causas que o povo brasileiro abomina",
como bem disse Leonel Brizola. O que se tem a dizer sobre
essa imprensa imunda que ousa ainda pousar de defensora
da liberdade e da democracia não cabe neste texto, mas
vale lembrar que sua influência chega até os mais ativos
manifestantes de hoje, como se vê no grito de "Sem
vandalismo!" muito usado para proteger prédios e coisas
ligados à repressão ou ao descaso, como ônibus velhos,
carros de polícia e até tapumes de obras públicas.
Agora que o sangue jorrava. Não era mais preciso o presidente se fingir de bonzinho, de amigo do povo para acalmar as massas. Ele pratica a Ordem pensando no Progresso. Aos outros, pessoas menores, cabia obedecer em silêncio para não sumir misteriosamente.

O governo de exceção colocou à todo vapor o maldito legado brasileiro. Mais uma vez, o autoritarismo impedia reformas agrárias, suprimia a liberdade de expressão do povo fechando jornais e partidos, contraía empréstimos a altos juros fora do país, concentrava renda e até fazia algumas privatizações, tudo conforme as exigências do FMI e da nova moda política que a finada Tatcher e Adolf Ronald Reagan pregavam: O neoliberalismo.

Assim, o milagre que nada tinha de santo garantiu crescimento de renda até certo ponto e confortou muitos na classe média formada pelos concursos do Banco do Brasil, Caixa Econômica e outros conseguidos com a expansão da fronteira agrícola, a submissão do país aos interesses estrangeiros, o aumento da exploração das pessoas com o corte sistemático de direitos e gastos sociais e a destruição dos mais importantes opositores, fossem eles guerrilheiros maoístas ou, de novo, indígenas que fiquem no caminho dos poderosos, o que massacrou muitos desses e até escravizou outros tantos.

Ao fim, depois de desgatada com a corrupção generalizada, com a crise econômica provocada por uma série de erros de planejamento, além de crises internacionais, e sofrendo fortíssima pressão popular, apesar de liquidados os opositores mais combativos do regime, a ditadura decretou anistia e se implodiu, processo histórico que não foi permitido para as massas conduzirem, mais uma vez, mantendo por mais algum tempo o maldito legado do Brasil, tão formidável aos interesses do imperialismo e aos dos nosso ricos submissos.

Jornal da ditadura e da 'democracia'. QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.

Já chegando ao fim desse curto passeio pela nossa história, vemos um senador biônico tomar posse da presidência depois de um presidente morrer de forma muito estranha, um playboy apoiado pela mesma imprensa da ditadura cometer barbaridades e sair com interferência do mesmo canal que o ajudou a se eleger, um sujeito duvidoso ser eleito e reeleito vendendo as maiores empresas do Brasil, inclusive a própria PETROBRÁS, enquanto chacinas ocorriam em seu governo e até tanques foram usados para reprimir uma manifestação numa petrolífera.

Depois dele, temos Lula e Dilma, seguindo a mesma agenda, privatizando tudo o que podem, expandindo programas de diminuição da pobreza não porque seu gênio criativo os inventou, mas porque são recomendações do banco mundial justamente prevendo a exclusão social provocada pelo terror neoliberal, e o mesmo tratamento especial dado para os pobres desde o tempo de Cabral que Mv Bill descreve claramente no seguinte verso:

[...]FHC não dá nada pra favela/
Só dá carnaval, miséria, polícia e novela[...]

Para os índios, as demarcações de terras (como em Raposa Serra do Sol), as construções de barragens hidrelétricas (como em Belo Monte) e as chacinas periódicas (como os Guarani-Kaiouás, dentre inúmeros outros exemplos) servem como prova clara de que nosso povo não é livre, feliz e muito menos vive numa democracia.





CHEGA!!!


Escravidão nunca mais! Nosso povo EXIGE respeito e tem o pleno direito de decidir seu próprio destino, governar e governar-se para que assim, numa verdadeira democracia, num novo Brasil nós acabemos de vez com esses séculos de submissão ridícula que tanto tormento tem causado a nosso povo!


PRECISAMOS REVOLUCIONAR O BRASIL!
A história ensina e, por todo esse tempo, mesmo sem saber, é o que o povo mais deseja!

 É inadmissível que continue o roubo escancarado das nossas riquezas sob qualquer desculpa que se pense em inventar! 
SEM MAIS LATIFÚNDIO! SEM MAIS CRIMES DE ESTADO, 'CORONÉIS', SANGUESSUGAS, MENSALEIROS, PRIVATAS OU QUALQUER OUTRA ESPÉCIE DE ASSALTANTE DOS TRABALHADORES!


 Nossa causa é justa e perfeitamente possível, meus amigos. Isso se prova não só no sucesso da união popular em vários países ao longo do tempo, como vimos no Vietnam ou na Tunísia, mas também dentro de nossas fronteiras!

É totalmente falsa a lenda de que "brasileiro é um povo besta que se deixa dominar e é manipulável que nem gado..." Prova disso está exatamente na nossa história: Se fôssemos tão calmos quanto dizem, não teríamos a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a Confederação do Equador, a Balaiada, a Sabinada, a Revolução Farroupilha, a Revolta de Canudos, os 18 do Forte, a Coluna Prestes, o MR-8, a Guerrilha do Araguaia, inúmeras paralisações sindicais, ocupações de reitorias, prédios públicos e hidrelétricas, greves gerais em diversas ocasiões e, só neste ano, agitamos o país, ainda que de forma anárquica, e chegamos a entrar no covil da experimentação animal para libertar vítimas dessa escravidão ente espécies que o homem inventou!


Com todas as críticas, com todos os erros típicos de quem está (re)começando a ocupar as ruas, não podemos esquecer das várias conquistas que a Luta Popular, verdadeira fonte de direito de todo trabalhador, trouxe para o Brasil. COM A CERTEZA NA FRENTE E A HISTÓRIA NA MÃO, TIRAMOS GENERAIS, MAURICINHOS E CORONÉIS DA PRESIDÊNCIA! 

"FAZER REVOLUÇÃO NÃO É CRIME!" - Jiang Qing, ex-mulher de Mao Tsé-Tung

Mais uma vez, o dever nos chama.

Por pressão popular, nossos antepassados defenderam todo petróleo brasileiro e tiveram um sucesso grandioso que levou à criação da Petrobrás, empresa pública que tinha o monopólio da produção até um neoliberal, Fernando Hidro Canabinóide, sacanear tudo com suas receitas de bolo inflacionárias dignas dos aplausos de Bill Clinton e outros de sua laia.

Mas isso não bastou para eles. Além de tomarem a petrolífera, nos espionam A TODOS, MUITO ALÉM DA PRESIDENTE E DE ALGUNS MINISTROS, e querem levar uma das nossas riquezas mais preciosas, o pré-sal!

Nessa escalada se junta, como era de se esperar, a mídia dos ricos em seu ridículo esforço de naturalizar o roubo da nossa pátria. Não neste vídeo, mas em comentário publicado no Jornal da Globo, Arnaldo Jabor disse que devemos, sim, dividir a exploração do petróleo, que é uma oportunidade de ouro, a concorência entre empresas gerou muitos empregos a economia do Brasil é como uma carroça puxada por dois cavalos, onde um é dinâmico e entende as necessidades do mercado e o outro é empacado e fica sempre impedindo que o mais arredio corra muito. 'Vai ver não é cavalo, é um burro':




"O brasil não é uma carroça conduzida por dois cavalos, Jabor. Nosso país é conduzido com pessoas, mas não livremente, e sim controladas por redéas curtas e chicotadas dilma figura que representa em sua expressão bossal e seu topete os valores gananciosos de uma elite historicamente racista e excludente. Você, Jabor, é só um dos fios desse topete. Nós, povo, puxamos todos essa carroça que te conforta, mas com um detalhe: Somos a parte dos escravos que mostra para a outra que, unindo e lutando, derrubaremos milhares de inimigos da pátria, traidores, sim, como você.

Agora nos poupe de suas ridículas análises políticas e seu discurso infame antes que processemos você por calúnia e danos morais na justiça, condenando você e sua emissora na rua, seu burro!" - Rivaldo Cardoso

É contra esse tipo de gente que canalizamos nossa luta.

Aceitar a 'exploração parceira' do petróleo brasileiro é tirá-lo da riqueza pública brasileira para que seja embolsado noutro país qualquer, deixando de render fundos tão importantes para financiar toda a estrutura e assistência social que nosso povo precisa (saúde, educação, moradia, meio-ambiente, cultura, saneamento básico...)!

Defender que ele seja todo nosso, no entanto, é um ato patriótico fundamental para qualquer fim. É como defender o território brasileiro: Não importa se você é do PT, não tem filiação partidária ou vota no Eymael. Se não tivermos pleno e soberano domínio sobre o que nos é de direito (terra, petróleo, pessoas), como poderemos pensar em políticas para tudo isso?!

Por isso mesmo, não só eu peço, mas tudo o que se mostra aqui exige sinceramente que VOCÊ, que agora tem conhecimento sobre a dimensão do que é não ter direito exclusivo de propriedade do Pré-Sal, venha para a rua segunda-feira e quantos dias mais forem necessários para que esse crime contra o patrimônio de todo o povo brasileiro siga adiante e, se seguir, que seja revogado o mais rápido possível.

ESQUEÇA AS INCLINAÇÕES POLÍTICAS E PARTIDÁRIAS! ISSO É SOBRE A DEFESA DO BRASIL!


 Os protestos já estão sendo organizados em todo o Brasil. Consulte, no link a seguir, onde vão acontecer as manifestações no seu estado e venha cumprir com seu dever patriótico muito melhor que qualquer um dos soldados que foram ao Rio de Janeiro apoiar essa barbárie:   http://www.sindipetro.org.br/w3/


POR UMA NOVA HISTÓRIA DO BRASIL!

PELO FIM DO LEGADO DE SUBMISSÃO AOS INTERESSES DO IMPERIALISMO!

QUE AS RIQUEZAS DO BRASIL SEJAM TODAS, SEM EXCEÇÃO, DO POVO BRASILEIRO!

 O MAIOR INIMIGO ESTÁ DENTRO DE NÓS: CHAMA-SE MEDO.

JUNTOS VENCEREMOS!   



Até amanhã, camaradas!!!

Assina com orgulho e compromisso patriotico,

Rivaldo Cardoso Melo

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O esquadrão da democracia

Recorte do jornal A Classe Operária de 1970

Em 1970, o antigo jornal combativo A Classe Operária publicava uma matéria sobre o Esquadrão da Morte e sua função para a ditadura militar. Aparentemente, grupos de extrema-direita como o CCC e o Esquadrão desapareceram, “são coisas do tempo da ditadura e não encontram mais espaço no nosso meio democrático”, assim a mídia busca retratar, tentando varrer o banditismo policial para debaixo do tapete, justificando suas ações truculentas como um meio de “auto-defesa” contra “marginais” e “subversivos”.

Desde os tempos de Emílio Garrastazu Médici, negava-se a existência ou a atuação destes grupos reacionários, por muito tempo seguiu-se assim, mesmo com a conivência da mídia burguesa, e com o respaldo do governo.

A própria mídia burguesa chegou a declarar nos últimos anos que o Esquadrão da Morte há muito estava extinto, ficando apenas como uma triste lembrança dos “anos de chumbo”.

Acontece que este grupo reacionário continua a operar respaldado pelo governo, e outros grupos continuam a surgir na forma de “milícias”. O site Wikipédia ainda faz menção sobre a atuação do Esquadrão da Morte no estado do Espírito Santo. É claro que há diversas “milícias”, ou melhor, bandos de policiais respaldados pelos oficiais, políticos e toda a ralé que suga o dinheiro público. Apesar da grande variedade de bandos armados formados por policiais corruptos, a sua semelhança com o esquadrão da morte é a mesma, e sua utilidade para o velho poder também é a mesma, desde os tempos da ditadura até o presente período da democracia feita por cassetetes e leis idiotas.

O método violento com que os grupos de extermínio criados pela polícia agem, são reflexo em plenas zonas urbanas dos remanescentes do feudalismo, além da formação de bandos criminosos, que também é outro reflexo do semi-feudalismo a qual o nosso povo está submetido há mais de 500 anos.

As forças de repressão continuam a fazer alusão aos métodos truculentos da ditadura militar. Para a PM de SP, o golpe de 1964 foi “uma revolução” na qual “o povo solidarizou-se”. Entenda-se que os remanescentes da ditadura vão muito além de odes dos policiais e métodos agressivos. Existe um batalhão de operações especiais conhecido como BOPE, conhecido mesmo pela sua ação truculenta para com os negros e pobres, tendo virado assunto em dois filmes, “Tropa de Elite I" e o "II”. Pois bem, o símbolo do velho esquadrão da morte era uma caveira, conhecida como “Scuderie Le Cocq”, em homenagem ao detetive Le Cocq, morto por traficantes na década de 60. O símbolo do BOPE continua a ser uma caveira parecida com a do esquadrão da morte, com uma diferença mínima: ao invés de ossos cruzados, são duas garruchas que estão atrás e uma faca cravada no crânio. Para quem é brasileiro ou mesmo para os camaradas de outros países, sabe-se que a democracia burguesa é tão mansa e amável igual um demônio furioso.



O velho esquadrão e suas crias continuam a subsistir no atual governo. Governo este tão aplaudido pela corja de revisionistas do PCdoB e outros revolucionários arrependidos que se integraram ao PT, e ao PDT. O atual jornal A Classe Operária (que hoje em dia não passa de um folhetim de bajulação ao governo fascista do PT) esconde a ação repressiva das "forças democráticas", ao mesmo tempo em que o atual "Programa Socialista para o Brasil" do PCdoB (entenda-se Programa Capitalista para o Brasil) declara abertamente seu apoio às forças armadas enquanto estas "estiverem em defesa da democracia". Ora camaradas, sabemos o quão "democrático" é o exército tanto para com os civis como para os militares de baixa patente. Também sabe-se do lado “democrático” dos militares que ainda insistem em desfilar no dia 31 de abril para comemorar o golpe de 1964. Democrática também é a intervenção no Haiti, e a caça aos camaradas do Peru, que a esse momento estão a verter sangue e suor na gloriosa Guerra Popular.

O banditismo policial amparado pelo governo nada mais é do que outra manifestação feudal em nosso país, e que se estende até nas zonas urbanas. As ações do povo, principalmente as do povo carioca, que dia após dia se rebelam contras as UPP, mostram o rechaço das massas perante a truculência policial, que recai principalmente sobre as massas pobres. As ações dos grupos de extermínio e da truculência legalizada só podem ser combatidas desta forma, mediante a ofensiva popular, e não através das ações da polícia comum, que nada mais é do que guarda-costas de grupos de extermínio e dos grupos de traficantes. Ora, a polícia militar enfrentando seus aliados (grupos de traficantes e esquadrões da morte) seria como dar um tiro no próprio pé.

A atualidade dos milicos: do lado esquerdo, um relógio de parede que faz alusão ao grupo fascista, e do lado direito, o símbolo do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o BOPE, com o símbolo "diferente", porém, com a mesma truculência do Esquadrão fascista
Portanto, cabe às massas organizadas rechaçar o banditismo policial, respondendo a violência não com flores, mas com balas, “ferir com ferro quem também fere com ferro”. A ação das massas não deve-se limitar apenas à auto-defesa e os camaradas comunistas não podem ter esse tipo de consciência. Uma vez iniciada a ofensiva popular, esta só deve cessar quando os reacionários se renderem e quando o poder for arrancado de suas mãos e passado para as massas de operários, camponeses e intelectuais revolucionários!

ABAIXO AO SEMIFEUDALISMO! VIVA O COMUNISMO!

VIVA A GUERRA POPULAR NA ÍNDIA, PERU, TURQUIA E FILIPINAS!

RESPONDER O BANDITISMO POLICIAL COM A OFENSIVA POPULAR REVOLUCIONÁRIA!




sábado, 28 de setembro de 2013

A experiência maoísta na União Soviética

Este trabalho é a tradução de um artigo russo publicado por Alexei Volynets em:


Com o título: A Guarda Vermelha Soviética: a União Soviética necessita de Mao Tsé-tung.

Quando se escreve sobre a história do movimento dissidente na União Soviética, o setor pró-ocidental e “democrático” e tais movimentos focam  a maior parte da atenção por razões óbvias. Muito menos atenções recebem os nacionalistas do “Partido Russo” e os distintos dissidentes da esquerda. Porém os grupos mais desafortunados de dissidentes são os seguidores do Presidente Mao, os “Guardas Vermelhos”, soviéticos. As “vozes ocidentais” daqueles anos os afastaram da história e da memória histórica contemporânea e o restante dos grupos os ignorou. E ainda assim, aqueles que tentaram reproduzir as lições da “Grande Revolução Cultural” na União Soviética não eram os mesmos que pregavam o modelo de democracia ao estilo ocidental na União Soviética.

Após a morte de Stalin e especialmente depois do XX Congresso do PCUS, para muitos cidadãos da URSS, que acreditavam sinceramente no bolchevismo, Mao Tsé-tung se converteu, possivelmente, no grande dirigente do “Movimento Comunista Internacional”. O camarada Mao, um antigo partisan de honra comprovada que guiava sob a bandeira vermelha o país mais populoso da Terra, parecia dispor da sabedoria necessária para desempenhar com muito mais eficiência o papel de dirigente mundial do que Nikita Kruschov, um apparatchik (*agente do governo) profissional do partido com uma biografia bastante confusa.

O povo soviético pelo Socialismo Leninista

E o dirigente soviético certamente se sentia incomodado por este fato. Como, por exemplo, em março de 1962, quando um operário de 40 anos chamado Kulakov, membro do Partido Comunista soviético que trabalhava na construção da planta hidroelétrica de Brastk, na região de Ikkutsk, enviou uma carta a Kruschov. Na carta, o proletariado não se fez de bobo com o Primeiro Secretário do Comitê Central: “a grande massa dos povos soviéticos acredita que você é um inimigo do Partido de Lenin e Stalin. Em uma palavra, que você não deixou de ser um autêntico trotskista... V.I. Lenin sonhava em fazer da China um amigo do povo soviético e este sonho o camarada Stalin realizou; mas você destruiu esta amizade. Mao se opõe a desonra que você infligiu ao partido de Lenin e Stalin. Lenin e Stalin lutaram audaciosamente contra os inimigos da revolução e venceram a guerra aberta sem terem medo de serem presos. Você é um covarde e um agente provocador. Quando o camarada Stalin vivia você beijava o rabo; agora o coloca como um burro.”

Por causa desta carta o operário Kulakov foi condenado a um ano de prisão, acusado de “propaganda anti-soviética”. Não faltaram declarações similares, algumas delas públicas. Em Kiev, em 18 de março do mesmo ano (1962), durante as eleições do Soviet Supreto da URSS, um presidente do kholkoze, de 45 anos chamado Boris Loskutov e um membro do Partido Comunista soviético distribuíram panfletos com o texto: “Viva o Partido Leninista sem o charlatão e traidor Kruschev! A política deste louco nos levou à perda da China, Albânia e de milhões de nossos antigos amigos. O país está em um beco sem saída. Fechemos o cerco! Salvemos o país!”

O presidente do kolkhoze foi preso e mais tarde condenado a quatro anos de prisão.

Na noite de junho de 1963 na cidade de Mena, na região de Chernigovskaya na Ucrânia, um artista de 27 anos do teatro da cidade, Ivan Panasetsky, colocou uma série de cartazes feitos por ele mesmo com as consignas “A anarquia kruschevista matou a verdade durante o mandato de Stalin, para tomar o poder”, “Abaixo a anarquia kruschevista! Viva o Partido Comunista Chinês!”, “Viva Mao Tsé-tung, líder dos trabalhadores do mundo inteiro!”

Na noite de 3 para 4 de agosto de 1963 na cidade de Batumi na Geórgia, onde o jovem Stalin deu início a suas primeiras atividades práticas como revolucionário, três cidadãos da União Soviética-G. Svandize, de 28 anos, sua esposa de 24 L Kizilova e seu camarada de 23 V. Miminoshvili (todos eles membros do Komsomol)- distribuíram folhetos que chamavam para derrotar a Kruschev e a defender a memória de Stalin. No texto os jovens membros do Komsomol escreveram “Nosso líder é Mao Tsé-tung” e “A URSS necessita de Mao Tsé-tung!”

Em 1 de junho de 1964, na cidade de Donetsk, um mineiro de 37 anos, Vsili Poluban, colocou folhetos na cidade com a seguinte convocatória: “Apoiemos os laços com a Democracia Popular chinesa que luta pela paz e a democracia mundial! Lenin! Stalin! Kruschev, saia daqui! Lenin e Stalin viverão para sempre! Abaixo com a ditadura de Kruschev que contamina as mentes da classe operária!”; “O partido de Lenin e Stalin nos conduzirá à vitória, à unidade comunista! Abaixo a N.S. Kruschev! Viva a nossos amigos chineses!”

Estes foram só alguns exemplos da dissidência vermelha destes anos, quando o dirigente formal da União Soviética, Kruschev, se opunha ao líder informal do “movimento comunista mundial”, Mao. Este mal-estar social pretendia também, entre outras coisas, a exclusão de Nikita Sergeevich Kruschev do poder. Porém é digno ressaltar que junto com a demissão de Kruschev aqueles cidadãos da URSS que apoiavam as ideas de Mao sem dúvida, não colocaram fim a suas atividades. Além do mais, foi neste momento quando a “Revolução Cultural” na China estava em seu apogeu e muitos cidadãos soviéticos não estavam contra em aplicar todos métodos da Guarda Vermelha a seus próprios burocratas...

De janeiro até março de 1967 um estudante de 21 anos da escola de aviação A. Makovsky distribuiu panfletos em Moscou em numerosas ocasiões. Panfletos dos quais segundo os investigadores da Oficina de Fiscalização Geral da União Soviética, “propagavam as ideias de Mao Tsé-tung”. Parte dos panfletos foi lançada na Praça Vermelha, perto do Kremlim. Vale ressaltar que esta ação perante o Kremlim aconteceu um ano antes da tão difundida “manifestação dos sete”, de agosto de 1968, que os meios ocidentais propagaram aos quatro ventos.

Em 13 de fevereiro de 1967, na cidade de Komsomolsk, na orla de Amur, a 6.000 kilômetros de Moscou, um membro do Komsomol de 20 anos, engenheiro do clube de vela da cidade, V. Ermokhin, um membro do Komsomol de 21 anos e estudante do Instituto Médico, M. Chirkov, e um comunista de 30, mergulhador profissional, P. Korogodsky, distribuíram folhetos que diziam: “Mao Tsé Tung é um sol vermelho em nossos corações! Proletários comunistas, lutai contra este bando de revisionistas modernos, sucessores de Kruschev!”.

Quase ao mesmo tempo, em 16 de fevereiro de 1967, em outro extremo da URSS, na ucraniana Donetsk, um membro de 35 anos, P. Melnikov, colocou em um fichário alguns panfletos escritos a próprio punho proclamando Mao Tsé-tung e chamando à derrubada de Brezhnev.

Estes são só uma série de exemplos deste tipo de ações que se conservaram para nós nos Escritórios de Fiscalização, e na KGB soviética. Porém, demais ações individuais também surgiram e se formaram círculos de um “movimento comunista clandestino”, inspirados nas ideias e consignas revolucionárias de Mao.

Os irmãos Romanenko, que adquiriram fama na China

Um dos primeiros grupos desse tipo surgiu em 1964 na Ucrânia, na região industrial de Kharkov, onde a “tradição proletária” não era um simples clichê propagandístico da época soviética tardia. Ali, na cidade de Balakleya, não muito longe Kharkov, se formou um grupo marxista sob o nome de “Partido Comunista Revolucionário dos Operários e Camponeses”. Seus fundadores foram os irmãos Adolf e Vladimir Romanenko. Vladimir Romanenko de 35 anos trabalhava como eletricista em Kharkov e mais tarde estudou na Faculdade de Jornalismo da Universidade de Leningrado. Seu irmão Adolf, de 33, trabalhava para um jornal chamado “A foice e o martelo” no distrito industrial da cidade. Em Leningrado, Vladimir Romanenko conheceu estudantes da China dos quais recebeu literatura maoísta. Já em setembro de 1963, os irmãos escreveram uma declaração ao Comitê Central do Partido Comunista chinês com críticas ao novo programa do PCUS adotado no XXII Congresso de 1961. Ao cidadão chinês Tchzan Dadi, estudante do Instituto de Leningrado, lhe foi entregue uma cópia desta declaração para que enviasse a China ao Comitê Central do Partido Comunista chinês.

Como escreveria mais tarde o fiscal da região de Kharkov em seu informe ao Kremlim, os irmãos Romanenko “sob a influência da propaganda chinesa, decidiram criar uma organização esquerdista radical ilegal depois de haver chegado a conclusão de que o PCUS havia deixado de representar os interesses dos trabalhadores e de um partido revolucionário havia se transformado em um partido representante de interesses pequeno-burgueses até terminar sendo finalmente uma força reacionária”.

Em setembro de 1964, Romanenko havia terminado de elaborar o programa de seu projeto de “Partido Comunista Revolucionário dos Operários e Camponeses”. O programa incluía a seguinte declaração:

A distancia salarial entre o operário médio e os especialistas de maior categoria ou os burocratas oportunistas de caneta segue crescendo dia após dia... Incluindo agora os burocratas e até os órgãos de controle do chamado partido-estado roubam a produção excedente, e as classes produtivas...

A afirmação de que a ditadura do proletariado acabou obsoleta não beneficia nem a classe operária nem as classes camponesas, senão a aqueles a quem a simples menção da expressão “ditadura da classe operária” produz fortes dores, a aqueles que são mais fácil saquear a produção excedente no marco de um estado “nacional” semi-burguês. E quando o partido que governa não luta contra esta situação, ao contrário, ajuda a legalizá-la, então este partido é um partido pequeno-burguês...

O PCUS se desenvolveu como um partido político capaz de dirigir as massas pelo caminho indicado pelo grande Lenin... Portanto não há tempo a perder. É preciso, o quanto antes, arma a classe operária e aos camponeses das fazendas coletivas com a autêntica teoria revolucionária marxista... Para isso, é necessário criar organizações em cada fábrica, em cada construção, em todas as fazendas coletivas (kolkhoses) e em todas as fazendas estatais (sovkhozes), em todos os centros educativos e em todas as unidades militares, com a finalidade de explicar a natureza revisionista do programa do PCUS.

No final do outono de 1964, os irmãos Romanenko foram detidos pela KGB. Durante a investigação penal, Adolf Romanenko não deixou de expor seu pensamento, totalmente influenciado pelo espírito da “Revolução Cultural” do presidente Mao:

“É mais, creio que, no dia de hoje, se dão em nosso país todas as condições para que prosperem os elementos pequeno-burgueses. Em minha opinião, enquanto os dirigentes do PCUS, tanto centrais como das províncias periféricas, os dirigentes do governo soviético e dos soviets locais os dirigentes dos aparatos administrativos tiverem todos os privilégios imagináveis; enquanto a riqueza material se distribuir, em minha opinião, incorretamente, enquanto isso seguir assim, digo, creio que em nosso país florescerá uma ideologia pequeno-burguesa. E os aparatos dos soviets, do partido, e administrativos tratarão de dar carta de legalidade a seus privilégios e desigualdades na distribuição da riqueza material.

Tudo isso me leva a conclusão de que a fraternidade e a igualdade são impossíveis na atual situação e creio que o PCUS não pode ser expressão da vontade popular... Creio que os interesses do povo trabalhador e dos dirigentes são diametralmente opostos e por isso, creio não existe unidade de nenhum tipo entre o Partido e o Povo”.

Os irmãos Romanenko se salvaram de uma longa condenação praticamente graças a intercessão de Mao Tsé-tung. Os irmãos foram detidos um dia antes do Pleno extraordinário do Comitê Central do PCUS em que Kruschev foi derrubado. Os novos dirigentes do PCUS Brezhnev e Shelepin, organizadores da eliminação de Kruschev, esperavam naquele momento superar de uma forma ou de outra o racha com a China comunista, sem mudar a política nacional e internacional da URSS. Deste modo, em uma reunião no Kremlim em que foram convocados os responsáveis da Inspeção e da KGB da região Kharkov, se tomou a decisão de levar perante os tribunais estes maoístas soviéticos, que eram bem conhecidos na China. Os irmãos Romanenko ficaram em liberdade alguns meses depois, porém, desde esse momento ficaram sob a estreita vigilância da KGB que lhes impediu de continuar sua atividade política.

***

Uma ampla gama de grupos clandestinos maoístas apareceu na capital da URSS na segunda metade dos anos 60, quando o exemplo da “Grande Revolução Cultural” era especialmente intenso. Enquanto na Europa ocidental se produzia sob a forma de revolta estudantil em Paris, na União Soviética semelhante revolta aberta era impossível, porém o eco dos Guardas Vermelhos se sentiu inclusive aqui. Milhares de estudantes e de doutorandos da China maoísta estudavam em universidades e centros de educação superior soviéticos. E foi através destes estudantes que a literatura da Guarda Vermelha chegou em mãos de nossos concidadãos.

Entre 1965 e 1967, um pequeno grupo marxista funcionou em Moscou dirigido por dois assistentes de investigação do Instituto Econômico de Estudos dos Sistemas Socialistas a nível Mundial, da Academia Soviética de Ciências. Eram, o cidadão da República Popular chinesa Ho Dantsin, de 35 anos, e cidadão soviético G. Ivanov. Juntos, estes dois comunistas, o chinês e o soviético distribuíram em Moscou literatura de agitação chinesa e criaram também toda a uma série de material propagandístico que intitularam “Manifesto do Socialismo (Programa do Partido Socialista Revolucionário da União Soviética)”. Em fevereiro de 1967 o chinês Ho e o russo Ivanov foram detidos pela KGB.

Em 1968, em Moscou, um construtor de 30 anos, G. Sudakov, e seu irmão de 20 V. Sudakov criaram um pequeno grupo: “A União de Luta Contra o Revisionismo”. Em fevereiro e junho de 1968 distribuíram literatura da China revolucionária, assim como panfletos elaborados por conta própria com uma rudimentar prensa que eles mesmos haviam construído.

Em 24 de fevereiro de 1976, no mesmo dia da inauguração do XXV Congresso do PCUS, quatro jovens distribuíram e colaram mais de 100 panfletos nas portas das casas da zona central de Nevsky Prospekt em Leningrado. Os panfletos, escritos a mão, terminavam com um “Viva a nova revolução! Viva o comunismo!”

Somente depois de algum tempo a KGB conseguiu descobrir que os participantes desta ação foram os estudantes de primeiro grau das universidades de Leningrado Arkady Tsurkov, Alexander Skobv, Andery Renikov e um alluno de décimo grau, Alexander Fomenko. Eles eram os organizadores de um grupo marxista ilegal chamado de “Escola de Leningrado”. O líder informal deste grupo foi o sobressalente estudante de matemática de 19 anos Arkady Tsurkov. Desde o início dos anos 70 estava fascinado pelas idéias de Mao Tsé-tung e escutava clandestinamente o serviço russo da Rádio Pequim.

Naqueles momentos, os estudantes chineses (que nos anos 60 haviam sido a fonte principal de distribuição de literatura maoísta entre os cidadãos soviéticos) já não estudavam na Rússia. Porém na década de 70 apareceu um volume desconhecido de publicações (livros e folhetos) na União Soviética que desmascaravam e criticavam o caminho seguido pelo Partido Comunista chinês e a Mao. Em princípios dos anos setenta, a agitação e propaganda soviética trabalharam mais ativamente e gradual contra a China maoísta do que contra a “burguesia ocidental”. Como em toda propaganda hostil, nessa literatura era necessário descrever os fenômenos e ações que estavam condenando. Porém o que negativo para os propagandistas do Comitê Central se converteu em algo positivo para os “dissidentes esquerdistas”. De fato, Arkady Tsurkov se converteu em maoísta depois de haver lido toda a propaganda soviética antimaoísta.

Em 1977 e 1978 os dirigentes da “Escola de Leningrado” organizaram em uma casa nos arredores desta cidade, uma comuna onde conviviam jovens, estudavam e propagavam entre os estudantes as idéias do camarada Mao. Em 1978, a “Escola de Leningrado” estabeleceu vínculos com os  simpatizantes procedentes de Moscou, Gorky (agora Nijni Novgorod), Riga e outras cidades da União Soviética. Quando tentavam organizar uma conferência clandestina de jovens cujo objetivo era criar uma ampla associação – a “União de Juventudes Comunistas Revolucionárias” - os dirigentes desta “Escola de Leningrado” foram detidos pela KGB.

Pouco depois de sua detenção, em 5 de dezembro de 1978, em Leningrado ocorreu um acontecimento até então inaudito: na Catedral de Kazan (lugar da primeira manifestação massiva de estudantes contra o Czar em 1876) várias centenas de jovens, homens e mulheres, dos institutos e escolas de Leningrado se reuniram para protestar contra estas detenções. Cerca de 20 pessoas foram detidas. Durante o julgamento de o líder da “Escola de Leningrado”, A. Tsurkov, celebrado entre 3 e 6 de abril de 1979, um grande número de estudantes se reuniram em protesto frente ao edifício. Arkady Tsurkov foi condenado a 5 anos de internamento em um campo de prisioneiros em regime de isolamento e a dois anos de exílio.

Os dirigentes maoístas do movimento grevista de trabalhadores soviéticos.


Porém as ideias revolucionárias de Mao não acabaram só em torno dos alunos de institutos e estudantes universitários. Pode-se documentar sem sombra de dúvida a existência de ao menos um grupo marxista ilegal que não só estudou a experiência e as idéias de Mao Tsé-tung, e também tomou parte na organização de exitosas greves de operários soviéticos. Refiro-me neste caso a aparição nos anos 70 na cidade industrial de Kuibyshev (Samara), do grupo político “Centro Operário”. O grupo tratou de fundar um Partido Marxista ilegal, o “Partido da Ditadura do Proletariado”.

Na primavera de 1974, em Kuibyshev, houve uma greve dos trabalhadores de uma construção de uma oficina da fábrica de Maslennikov. A fábrica produzia também equipamentos para o complexo industrial-militar soviético. Os operários não exigiram nenhuma demanda política porém conseguiram algumas melhoras em suas condições de trabalho tanto da admnistração como das autoridades locais, a quem pegou totalmente de surpresa tal ação organizada. Seguindo o modelo dessa exitosa greve, durante o ano seguinte se produziram na fábrica de Maslennikov e em outras empresas da cidade mais de dez greves. Um acontecimento de tanta importância para a União Soviética chamou de imediato a atenção da KGB, porém só depois de dois anos de intensas investigações a KGB foi capaz de concluir que a organização marxista ilegal “Centro Operário” era o movimento organizador na cidade.

A fábrica de Maslennikov de Kuibyshev.

Os dirigentes da organização foram Grigory Isaev, de 31 anos, trabalhador da oficina da fundição da fábrica Maslennikov, e Alexei Razlatsky, de 39, engenheiro petroleiro.

Isaev e Razlatsky foram a força inspiradora e os organizadores de uma série de greves nas fábricas de Kuibyshev em 1974. Depois de dois anos (de atividade), esta organização marxista ilegal chegou a contar com mais de 30 ativistas clandestinos. Tenha-se em conta que o “Centro Operário” foi uma das organizações dissidentes de maior êxito em termo de planificação e atividade conspirativa. Seus ativistas estudaram sistematicamente e com todo detalhe a experiência conspirativa dos revolucionários russos antes de 1917 e a dos partisans na clandestinidade da Grande Guerra Patriótica, ao qual permitiu funcionar com êxito o “Centro Operário” desde 1974 até 1981.

Em 1976 os dirigentes do “Centro Operário” elaboraram um “Manifesto por um Movimento Comunista Revolucionário”:

O golpe de estado contra-revolucionário na URSS teve lugar de modo tão discreto e inesperado que nada se deu conta. No curso de um decênio, a administração soviética, cada dia que passa mais ditatorial, conseguiu se passar por uma direção marxista-leninista e conseguiu lavar o cérebro  aos trabalhadores com seu jogo democrático. Incluindo uma verdadeira análise marxista do que está acontecendo na Rússia. Porém o golpe de estado contra revolucionário não teve lugar e o que devemos fazer primeiro é interromper este autêntico golpe de estado.

Em 1961 o Programa do PCUS e, mais tarde, a recente Constituição de 1977 declararam que as tarefas da ditadura do proletariado já se cumpriram e foi declarada a União Soviética como um estado de todo o povo. Mas para os marxistas sempre esteve claro que até que o proletariado vitorioso pudesse prescindir da necessidade de um estado, este não pode ser senão uma ditadura revolucionária do proletariado.

Os ativistas do “Centro Operário” faziam um chamamento para estudar exaustivamente a experiência da China comunista. Seu manifesto incluía a seguinte declaração:

Até meados dos anos 50, o desenvolvimento político da China em um ritmo acelerado repetia a experiência da União Soviética. É possível que outros princípios e possivelmente acontecimentos ligados à chegada de Nikita Kruschev na cena política, obrigaram Mao Tsé-tung a reconsiderar a validade do sistema que havia possibilitado a subida de pessoas a níveis mais altos da direção. Uma análise da situação confirmou nossos piores temores: com certas divergências nacionais, o sistema chinês foi uma cópia do russo. E na China se produziu uma clara separação do Partido e as massas, e se formou em seu seio um organismo parasitário.

A política do “Grande Salto Adiante” foi uma tentativa de agitar a iniciativa das massas, de despertar sua relação consciente com os acontecimentos em curso frente à via “pacífica”... A “Revolução Cultural” é uma convocatória direta para castigar esta burocracia desde a raiz, uma tentativa pela via aberta dos fatos para demonstrar às massas que elas são donas da situação no país, que em suas ações coletivas são poderosas.

A morte de Mao Tsé-tung significou para a China o mesmo que a morte de Stalin para a União Soviética: o final do período da ditadura do proletariado.

Andropov derrota finalmente aos maoístas.

Até o começo da década de 80, os ativistas do “Centro Operários” estabeleceram vínculos ilegais com seus partidários em muitas cidades da União Soviética, desde Moscou a Tyumen. Desenvolveu-se a questão da criação de uma organização marxista revolucionária ilegal que, por sugestão, receberia o nome de Partido da Ditadura do Proletariado. Porque o número de ativistas clandestinos do “Centro Operário” ascendia a várias centenas.

Graças a boa organização dos métodos conspirativos, a KGB nunca havia conseguido localizar e identificar a uma grande quantidade dos ativistas. Em 1981 os serviços de segurança só tinham conseguido os nomes dos dirigentes da organização, porém, segundo as leis da União Soviética, não dispunham de provas suficientes para deter ou prender aos dirigentes do “Centro Operário”.

Porém, até finais de 1981, a situação internacional para a URSS de Brezhnev havia se complicado. No Comitê Central do PCUS temia-se que as ações massivas dos trabalhadores na Polônia e o movimento Solidariedade pudessem encontrar algum tipo de apoio entre os trabalhadores soviéticos. Por isso, Yuri Andropov deu pessoalmente a ordem de prisão contra os dirigentes do “Centro Operário” ainda que a KGB não tivesse prova alguma da sua atividade ilegal. Isto sucedeu em 14 de dezembro de 1981, um dia depois de ter sido decretada lei marcial na Polônia.

Em Kuibyshev foram presos Isaev e Razlatsky. Apesar do fato das investigações não puderem demonstrar provas de suas atividades ilegais, os dirigentes do “Centro Operário” foram condenados a longas penas de prisão em novembro de 1982. Alexei Razlatsky foi condenado a 7 anos de prisão e 5 anos de exílio e Grigory Isaev a 6 anos de prisão e 5 de exílio.


Os derrotados Guardas Vermelhos soviéticos de Leningrado e Samara foram libertados alguns anos depois, no momento culminante da Perestroika. E aqui começa uma história completamente diferente: Arkady Tsurkov que uma vez foi propagandista das ideas de Mao em Leningrado nos tempos de Brezhnev emigrou para Israel e aquele autêntico Guarda Vermelho acabou estabelecendo-se em um kibbutz paramilitar...