Páginas

sábado, 26 de novembro de 2011

Aos 67 anos da libertação da Albânia



Introdução

Apesar das críticas feitas por Hoxha a respeito do maoísmo, e mesmo estando errado em todas elas, e algo inegável os êxitos do proletariado albanês após a libertação em 28 de novembro de 1944.
A Albânia foi um dos primeiros países a se erguer contra o revisionismo de Tito, e o social-imperialismo soviético encabeçado por Kruschov e seus capangas.
Por quase trinta anos a Albânia teve boas relações com a China maoísta, mas, após a tomada do poder pelos revisionistas, Hoxha passou a criticá-los, mas, junto vinham críticas absurdas contra o maoísmo, ponto negativo em Enver Hoxha.
Partisans albaneses

Luta contra o social-imperialismo iugoslavo

Após a 2ª guerra mundial, ergueram-se vários países de democracia popular na Europa, vamos tratar aqui de Iugoslávia e da Albânia.
Hoxha nos anos 40
A Albânia e a Iugoslávia se libertaram do jugo fascista em 1944 e passaram a reconstrução da economia sob as bases marxistas. Infelizmente a Iugoslávia passou para o caminho do revisionismo contemporâneo (titoísmo), e todos os países socialistas condenaram o revisionismo iugoslavo em 1947. Foi a partir daí que os revisionistas iugoslavos, encabeçados pelo marechal Josip Broz Tito passaram a mostrar a sua verdadeira face, face podre.
De 100 mil a 200 mil membros do partido comunista na Iugoslávia foram expulsos, presos e até mortos por terem se colocado a favor da decisão unânime dos camaradas de outros países em condenar o revisionismo de Tito.
O desejo destes reformistas tinha alguma semelhança com o fascismo, pois, queriam anexar a Albânia e a Bulgária¹ ao território iugoslavo. Uma das estratégias usadas pelos iugoslavos em 1947 foi a de impor um embargo econômico à Albânia, como o embargo não deu certo graças à ajuda de Stalin, a Iugoslávia apelou para uma tentativa de invasão militar, teria dado certo, mas, mais uma vez o timoneiro Josef Stalin não tivesse mandado tropas soviéticas para proteger a Albânia, a pedido do próprio Partido do Trabalho da Albânia.
As relações diplomáticas entre Albânia e Iugoslávia foram finalmente rompidas em 1950, e só voltariam a ser reatadas nos anos 70. Enver Hoxha disse que jamais queria que fossem rompidas as relações entre a Albânia e Iugoslávia, e que ajudaria na restauração das relações, mas as relações partidárias continuariam rompidas enquanto a Iugoslávia não abandonasse o caminho reacionário.

Luta contra o social-imperialismo soviético

Após a morte do timoneiro Stalin e a ascensão do social-imperialismo soviético comandado por Nikita Kruschov e suas ratazanas, o povo albanês se viu novamente ameaçado, dessa vez, pela própria URSS, que havia se degenerado muito politicamente depois de 1956.
Nos anos 50, a Albânia estava em fase de reconstrução econômica e necessitava urgentemente de recursos para organizar a indústria e poder “caminhar com suas próprias pernas” (não existia indústria antes da libertação de 1944). Kruschov se recusava a fornecer empréstimos ao governo albanês, e orientava-os, bancando o especialista, para que eles se preocupassem somente em plantar frutas cítricas e chá, pois, em tudo o que necessitassem a União Soviética forneceria, dizia que o que o povo albanês consumia era igual aos ratos que roíam os estoques soviéticos. Fica bem claro que os interesses que Kruschov tinha para com o povo Albanês era o mesmo que os norte-americanos tinham com os povos de Cuba, Haiti e República Dominicana.
Ainda nos anos 50, a Albânia estava iniciando a extração de petróleo, Hoxha pediu pessoalmente empréstimo para a URSS, mas Kruschov disse que não havia necessidade, dizia que além do petróleo albanês ser ruim, os soviéticos forneceriam tudo o que o povo albanês necessitasse, contanto que investissem pesado em plantações de frutas cítricas, dizia que não precisavam plantar milho ou trigo, e nem se preocupassem em criar fábricas de vidro... Qualquer semelhança com uma tentativa de dominação social-imperialista não é mera coincidência.
Quando Kruschov veio à Albânia em 1959, ele visitou o sítio arqueológico de Butrinit, segundo as memórias de Enver Hoxha relatadas no livro “Os Kruschovistas”, Nikita Kruschov ao ver a posição privilegiada em que se encontrava o sítio arqueológico, disse assim para Malinovski, então ministro da defesa soviético que sempre em suas viagens:

“Veja que maravilha temos aqui! Dá para construí uma base ideal para nossos submarinos. Desenterremos e lancemos estas velharias ao mar (se referiam aos objetos arqueológicos de Butrinit) perfuremos essa montanha e cheguemos até o outro lado – e Ksamil indicou com a mão – teremos então a base ideal e a mais segura do Mediterrâneo. Daqui poderemos paralisar tudo e atacar tudo”.

Hoxha estremeceu ao ouvir falarem assim, como se fossem donos dos mares, países e povos.

Quando foram conhecer Vlora, Hoxha pode ouvir outra dessas conversas dignas de marechais das forças armadas do Estados Unidos:

“Maravilho, maravilhoso! Que golfo tão seguro ao pé destas montanhas! Daqui, com uma poderosa frota teremos em nossas mãos todo o Mediterrâneo, desde Bósforo até Gibraltar! Podemos colocar tudo sob nosso inteiro controle”.

Finalmente após mais dois anos de luta ideológica contra o caráter revisionista assumido pelo Partido Comunista da União Soviética, a URSS rompe relações diplomáticas com a Albânia, em fins de 1961.
Felizmente a Albânia contava ainda com uma grande aliada: a China, que infelizmente 15 anos mais tarde acabou caindo no revisionismo encabeçado por Hua Guofeng e Deng Xiaoping.

A Albânia desenvolvida

Alguns produtos industrializados fabricados na Albânia entre 1966 e 1970.

Desde os anos 40 o país vinha buscando desenvolver-se tanto na agricultura, como na indústria. O esforço do povo albanês foi finalmente recompensado, transformando o país o frágil país arrasado pelo fascismo do rei Zogu e pela 2ª Guerra Mundial numa próspera república popular democrática. Eis aqui alguns feitos conquistados pelo povo albanês sob o comando do PTA:



- Em 1970, o PTA declarou que num período de até 15 anos, haveria energia elétrica disponível em 100% do território albanês, a meta foi alcançada em 1980, transformando a Albânia num dos primeiros países da Europa a ter energia elétrica disponível em todo o território.
A capital Tirana em 1979.
-Em 1979 a UNESCO apontou a Albânia como o país com o maior número de universidades disponíveis para a população.
Poster chinês de 1968 mostra a milícia universitária albanesa.
  
-A Albânia tornou-se o maior exportador de milho na Europa.
-Mecanização da agricultura.
-Industrialização (em 1968 a indústria foi responsável por 61,5% da produção total do país).
-Entre 1971 e 1977 a produção de cromita dobrou, elevando o país ao terceiro maior produtor de cromita do mundo.
-O país tornou-se um dos maiores exportadores de petróleo na Europa.
-Em 1979 o nível de analfabetismo era semelhante ao dos Estados Unidos.
-A expectativa média de vida passou para 68 anos em 1978.

Armadas com fuzis AK-47, 1985.
Durante os tempos do fascista rei Zog I, as forças armadas da Albânia contavam com apenas cinco aviões de observação, apenas 5 mil soldados, armamentos antiquados e um escasso número de blindados da Iª Guerra mundial.
A Albânia foi um dos poucos países em que o exército de Mussolini teve êxito em invadir( além da Etiópia, e Mônaco) sem precisar do auxílio das tropas de Hitler.
Todo o aparato militar albanês, desde os fuzis até os poucos capacetes de aço eram sobras de guerra que haviam sido utilizados pelos italianos, turcos e gregos.
Mas depois da libertação, pela primeira vez, foram constituídas milícias populares, as forças armadas da Albânia possuíam aviões de combate dos dois tipos (aviões com motor à pistão e motor à jato), armas semi-automáticas (carabinas SKS, pistolas Tokarev) e fuzis automáticos (AK-47). Apesar dessa modernização, o país ainda se via dependente na fabricação de armas, algo que mudou nos anos 60.
Uma SKS de fabricação albanesa.
Em 1967 iniciou-se a produção de carabinas semi-automáticas SKS em Umgramsh. Entre 1967 e 1979 cerca de 18 mil carabinas foram produzidas.

Estes são alguns êxitos do povo albanês sob o comando do PTA e de Enver Hoxha.

Refinaria de óleo cru em Ballsh, foto de 1980.
A queda

Em 1985 Enver Hoxha falceu, aos 77 anos, e em seu lugar assume Ramiz Alia, importante figura no partido.
Em também é nessa época que a Albânia começa a entrar em crise, e nos anos seguintes a Europa acompanha a contra-revolução que se seguiu até 1992, influenciadas pelas teses burguesas de Gorbatchov.
Em fins dos anos 80, Ramiz Alia declarou que ao contrário do que vinha acontecendo nos demais países Europeus, o socialismo na Albânia não cairia, pois o povo estava unido, mas, em 1991 caiu o socialismo na Albânia sob a batuta do próprio Ramiz Alia, depois de várias reformas, que garantiram brechas para que a direita pudesse usurpar o poder.
Viva o CAPETAlismo na Albânia!!!
A nova república democrático-burguesa, organizada em 1992, tornou-se um mar de corrupção assim como em todas as outras ao redor do mundo. Com a economia detonada e o povo em situação precária, foi o suficiente para que uma onda de violência tomasse conta do país em 1997, os rebeldes, armados, exigiam punição aos corruptos e a volta do socialismo na Albânia, a rebelião só foi finalmente contida depois do envio de tropas da “super democrática e humanizada” OTAN.



A Albânia socialista para um albanês no século XXI

Certo tempo atrás, durante uma conversa na internet com um albanês que atendia pelo nome de Erlis Teufel, perguntei a ele o que ele achava de Enver Hoxha e do período socialista na Albânia, ele disse que Hoxha era uma boa pessoa, disse que naquela época o povo vivia bem, o país vivia cheio de orgulho e dignidade, mas, o sectarismo isolacionista de Enver Hoxha acabou criando problemas mais tarde.
Também perguntei a ele se Enver Hoxha era um ditador, ele me respondeu: “claro que sim, pois aquela época era a ditadura do proletariado”.
Fica aí uma lição aos camaradas: só o socialismo pode trazer dignidade às pessoas, mas, temos que estar atentos aos erros cometidos, como o sectarismo, o dogmatismo, e estar atento à elementos que possam prejudicar a consolidação do socialismo.

A Albânia socialista para um brasileiro

Ha mais ou menos um ano, fiz uma entrevista com o sr José Reinaldo Carvalho, membro do atual PCdoB, nesta entrevista ele conta um pouco da sua experiência na Albânia entre os anos 70 e 80.

“Camarada, eis minhas respostas para a entrevista. Forte abraço, Zé Reinaldo”.


1-Então, em que ano o camarada foi à Albânia? E ficaste quanto tempo lá?
 
“Fui à Albânia em fevereiro de 1979, no quadro de intercâmbios entre o Partido Comunista do Brasil e o Partido do Trabalho da Albânia. Trabalhei como jornalista na Rádio Tirana, a Voz da República Popular Socialista da Albânia, emissora oficial. Fazia de tudo: escrevia,traduzia e locutava. Foi uma rica experiência de trabalho e de vida”.
 
2- Ficaste em qual cidade? 
 
“Tirana, a capital”.

 3- Conheceu pessoalmente o camarada Enver Hoxha? 
 
“Sim, em algumas solenidades. Tive oportunidade de saúda-lo e manter breves diálogos”.

4- Qual era a opinião do povo em relação ao regime socialista, o padrão de vida era bom?

“O povo dava apoio ativo ao socialismo, ao governo, ao Partido e 

demais instituições do poder popular. Infelizmente, cometeram-se erros, o país era frágil, instalou-se nos finais dos anos 1980 uma grave crise econômica que afetou o abastecimento e a opinião do povo mudou”.

5- A Albânia era um país isolado?
 
“No quadro político da época, o país mantinha relações diplomáticas com dezenas de países. Mas, divergências políticas e ideológicas o afastaram dos países que haviam sido no início da construção do poder popular e do socialismo os seus principais aliados – a Iugoslávia, a União Soviética e a China”.


NOTA:

1- Em 1975 o PC da Bulgária denunciou que os iugoslavos estavam tentando se intrometer nos assuntos internos da Bulgária. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário